Eu não sei o que seria da minha vida sem ele. Aliás até que saber eu sei, não existiria.
Quando lembro da minha primeira lembrança desde que me entendo por gente me vejo pequena (acredite que eu já fui bem menor que hoje) andando no colo dele vendo a enorme fazenda de café, pessoas com peneiras na mão debaixo do sol frio no meio do cafezal aproveitando ao máximo seu tempo para colher todo os grãos e garantir seu sustento no fim do mês. Se tem uma coisa que aprendi com ele dentre várias ensinadas foi ter compromisso com tudo. Desde uma simples amizade até um grande trabalho a ser apresentado.
"O que cê faz é o que cê é". De um jeito humilde mineiro de ser essas palavras sempre me vêem em mente. Sinto falta da minha infãncia mais por causa dele. A proximidade que tinhamos me faz falta. Moravamos todos em uma fazenda linda com direito a tudo que uma infância precisa para ser perfeita. Depois veio as mudanças de vida, de hábitos e com isso muita coisa bonita meiga simples e humilde foram deixadas na fazenda onde minha vida deu início.
Confesso que nem sempre fui compreensiva, atenciosa ou carinhosa como deveria ser diante da posição que ocupo em relação a ele. Senti falta de atenção, de carinho, de afeto em si. Mas nunca duvidei que um amor gigantesco e puro sempre foi sentido naquele coração sistemático, rústico mas todavia de uma generosidade absurda.
Com a minha adolescência vieram as complicações. As mudanças de opniões quase geraram a 4° Guerra Mundial dentro da casa que ele sempre empenhou pra que sempre tivesse em ordem. Mas um cede daqui ... outro dali... e este ano as coisas começaram a melhorar.
Nunca o tratei mal, mas posso deixar de simplismente ter o tratado melhor.
Diante de tantas coisas que estão acontecendo no mundo, nas famílias dos meus próprios amigos, vejo que tenho um privilêgio tremendo. Ele sempre luta e demonstra que a aliança familiar deve ser mantida ao máximo de esforço. E quando não der repare o erro que está afetando mas não perca essa aliança.
Ás vezes, gostaria de que ele forsse de outra forma, diferente, parecido com aquele ou esse tio. Mas num dia tão especial como hoje eu penso: e como eu seria se ele fosse de outra forma?
Sei que lhe proporciono orgulho, ainda mais quando ele vai falar que possui uma filha com duas faculdades. Diante de toda a vida dele, vejo que isso é mais que ganhar na SENA. De origem pobre Humilde, com muito trabalho e dedicação para ter até um par de sapato só posso e tenho que fazer valer a pena.
Esse ele que tanto falo é meu amado Pai. Que graças a Deus tenho por perto até hoje e se Ele permitir por mais decadas e decadas.
Gostaria que ele vizualisasse tudo que escrevi aqui. Tudo que sinto por ele e a consideração que tenho e que quase sempre não consigo expressar.Pra que ele soubesse que eu amo muitooo e sou grata a tudo que ele faz e já fez pela nossa família, e mais ainda: por ele existir. Que mesmo eu me mostrando em momentos como adversária ou algo do tipo, mesmo com todo sistema sistemático e conservador de ser, mesmo não sendo aquele pai carinhoso ou tão presente nos assuntos do meu cotidiano, a cada dia que passa me pareço mais com ele. E me orgulho muito disso.
Mas acho que neste dia do aniversário do Meu Pai Belchior José da Silva, o guerreiro, batalhador que fica o dia todo com uma motosserra de 25kg, acordando 4h da manha todo dia, o fanático pelo futebol e músicas sertanejas, o sério mas que quando ta feliz é super brincalhão, de personalidade forte mas que possui uma saúde de ferro; ele vai sentir tudo o que eu queria lhe dizer e por timidez perante ele não consigo.
No fundo ele sempre sabe que tem uma filha mais velha que simplismente o ama de puro coração.
Felicidades eternas ao meu pai pelos seus 50 aninhos..
*-*
