sexta-feira, 4 de março de 2011

O dia de ontem

Era 22h e 30 min.
Sentada na frente do computador viajando no mundo das séries e suas histórias perfeitas.
Ainda com o uniforme do trabalho (morro de prequiça de tirar antes de sentar no pc).
A cidade banhada pela chuva não deixando ouvir nada lá fora a não ser uma busina de um carro na casa ao lado. Engraçado quando isso acontece porque você nunca pensa no que está acontecendo em outro lugar para ser o alvo daquele chamado.
Nem me ousei a mover um centímetro de onde eu estava para observar o que acontecia lá fora.
De repete, outro chamado. Baixinho, doído e tristonho com um pouco de apelo.
Silêncio enquanto esperava alguém da casa trazer informação do que era.
Ai a nóticia e o pedido de ajuda.
Nesse momento não é hora de pensar em você, em como está o cabelo ou se está chovendo. Você tem apenas que ir. E quando se está presente para a ajuda, por mais difícil que ela seja, você não pode deixar a fraqueza se apoderar da sua convicção.
Ver o sofrimento alheio, a dor escondida por trás de um choque momentâneo, te deixa pensando: será que realmente tenho motivos para questionar a qualidade da minha vida?
É ai que você percebe o quanto egoista você é. Sempre querendo tudo para você. Que o mundo realmente gire ao seu redor e nunca pare para descansar.
Quando se dá conta todas as lembranças vem a sua mente de uma única vez.
Olhando para aquelas pessoas amigas que mesmo não demonstrando, o desespero toma conta delas, você sente o que elas mais queriam naquele momento.
Um abraço que não pode mais ser dado;
uma refeição que não pode mais ser feita por alguém amado;
uma palavra que não pode mais ser dita;
uma presença que não pode mais ser sentida (pelo menos vista pelos olhos humanos)
um meio de transporte que não pode mais ser guiado;
uma cadeira que ficará vazia no canto, esperando o cão sentar lá e se lamentar a ausência do seu dono.

É triste perceber que já na sua casa você esta com todos os presentes lá, sentados vendo tv ou apenas discutindo coisas sem importância.

Só se sente o que é ruim, o que realmente é dor quando se perde alguém querido.
Eu já pude saber disso algumas vezes, mas naquela hora eu via eles perceberem o que era. Este é o pior conhecimento adiquirido, onde o que você espera é conseguir apasiguar toda a tristeza vivida.

Eu não quero viver e pensar que não pude fazer nada em relação a esses acontecimentos que estão bem presentes na minha vida ultimamente.

Como ingrata pelo o que eu tenho, quero fazer valer a pensa a vida por aqueles que já não a possui. Honrar minha saúde, minha juventude, minha sobriedade e lucidez.

Vamos ver como as coisas fluirão de agora em diante sem aquele senhor generoso que todas as manhas buscava seu animal fiel e amigo, para puxar seu meio de transporte e de trabalho. Aquele senhor marido e pai das pessoas maravilhosas que tenho prazer de ter como vizinhos.
Aquele senhor que nada mais queria do que está comendo as comidas preparadas pela sua amada e ver seu filho mais novo entrar em uma faculdade.

O meu adeus e a minha certeza de que sempre vai ficar uma saudade no lado esquerdo do peito.

¬¬

terça-feira, 1 de março de 2011

Medo

E quem disse que eu não tenho medo?
¬¬
Acho que atualmente descobri nas minhas loucuras solitárias e nos debates comigo mesma ,que eu sou a pessoa mais medrosa do mundo. Não que eu vá me assustar com fantasmas, sonhos estranhos ou o escuro. Mas o medo da realidade. Da minha realidade que a cada dia me mostra que eu posso ser tudo e ao mesmo tempo uma molécula na formação de um pó.
Tenho medo de ver o que realmente é pra se ver,
Tenho medo de ficar aqui,
Tenho medo de ir para lá (lá onde? quero saber mais rápido onde é),
Tenho medo de estar com os amigos ,
Tenho medo de não estar com eles,
Tenho medo de ser esquecida,
Tenho medo de ser lembrada não da forma que eu queria que fosse,
Tenho medo de arriscar,
Tenho medo do tédio,
Tenho medo de falar e não ser compreendida,
Tenho medo de ficar calada e deixar como está,
Tenho medo de sair e deixar a família, mesmo sabendo que é melhor não estar com eles no momento,
Tenho medo de ser forte e mostrar para todos que não vou mais ser pisada,
Tenho medo de ser fraca e nunca conseguir o que eu quero,
Tenho medo de não ser feliz,
Tenho medo de arriscar uma amizade em busca de um amor sincero,
Tenho medo de não fazer nada e ter que ficar convivendo com a frase "se eu tivesse feito?"
Tenho medo de não ser ninguém,
Tenho medo de decepcionar quem eu gosto,
Tenho medo de me decepcionar,
Tenho medo de ser eu,
Tenho medo de me deixar apaixonar,
Tenho medo de nunca ser amada,
Tenho medo da solidão,
Tenho medo da vida,
Tenho mais medo ainda de mim... de não me entender, de não me achar, de não me deixar ser feliz por não saber a forma correta.
Odeio esse medo inconveniente que não sabe que eu não preciso dele e ele pode ir embora.
Me incomoda e muito me incomoda ainda mais o fato de ainda ter muito medo que não caberia se fosse todo postado aqui.
É estranho.. saber que por mais que eu eteja equivocada em algumas coisas, o medo sempre vai existir. Mesmo sendo essa rocha que eu digo ser, a fragilidade está mais presente do que você imagina.
Espero poder colocar alguns medos de lado. Que pessoas e atitudes me mostrem o contrário de cada medo. E se isso vier a ocorrer vou estar feliz pela primeira vez na vida por ver que eu estava errada.